sábado, 17 de novembro de 2007

20: Sentidos

Hoje vi algo que nunca pensei sequer que houvesse. O nunca ter pensado nisso faz-me pensar quão parvo sou.

Um turista ceguinho.


A situação fez-me pensar nos nossos Sentidos. Mais concretamente, fez-me pensar numa daquelas situações de escolhas parvas.

Imagine-se a situação bizarra de se ter que escolher. Visão ou audição, um deles perdia-se. Qual escolhias?

Não consegui ainda achar a minha resposta. Se bem que a visão é algo muito muito bom, e que perdendo, nos privaria de grande parte do que fazemos, como cinema, fotografia, observar quem nos rodeia, direcções, caminhar, enfim, uma panóplia de coisas, encontrar-me sem poder ouvir música, ouvir risos contentes e vozes doces também me parece nada bom.

Mas se existe quem corra mais que eu sem ver, ou que componha música muito melhor que eu sem ouvir, acho que vida para além disto, existirá seguramente.

9 comentários:

Anónimo disse...

Sim, existe vida para além disso. Passar pela perda de um (ou vários sentidos) não deve ser nada fácil...perdê-lo tendo consciência do que existe ainda pior!
Engraçado como também já tinha pensado para mim mesmo de qual dos sentidos seria mais fácil abdicar...como tu, não consigo escolher. Não poder ouvir a música, não poder ouvir gargalhadas, não distinguir o tom de voz das pessoas, aquele vácuo...por outro lado, não ver as cores, não ver os sorrisos, quentes, grandes, não ver a natureza, as pessoas e, principalmente, os olhos que para mim não escondem nada...

[lembrei-me agora de uma cena que me marcou imenso no filme Babel:a rapariga surda, a dançar na disco]

Acho, porém, que no meio da tristeza que é não se ter um dos sentidos, as pessoas acabam por desenvolver mais os outros (ao passo que os nossos ficam preguiçosos) e acabam por adquirir 1 sensibilidade que o resto do mundo não tem.

VV disse...

Sim, deve ser muito triste. Mas que remédio, né... resta aproveitar bem quem os tem, que é o melhor que se faz.

Não achei o filme deslumbrante, mais por me parecer feito para o óscar do Mr. Pitt, mas essa parte (e toda a história da japonesa) era a "melhor" e que dá mais que pensar.

Gostava de ser capaz de desenvolver logo essa sensibilidade extra, sem necessitar de algo assim para que tal acontecesse.

Tosttas disse...

Eu cá preferia ser mesmo normal. Não vejo nenhuma vantagem em ouvir as discussões dos meus vizinhos do nono andar. Nem mesmo com seis andares de intermédio consigo escapar!

Anónimo disse...

Pois...mas é aquela coisa: só dás real valor às coisas, quando as perdes! E quando se perde algo, de extrema importância, pensamos em todos aqueles momentos, aqueles pequenos nadas que agora parecem enormes, gigantes e trazem saudade e melancolia.
Somos normais e, por isso, alheios a coisas extraordinárias...

(às vezes penso que há coisas simples mas extraordinárias só que nós não as vemos como tal porque não estamos sintonizados nessa onda...será?)

VV disse...

tosttas: bolas, grandas selvagens! Qualquer dia até ouves tiros de pistola!

filipa: eu acho que é mais ao contrário. Andamos a vida toda sintonizados nos supostos extraordinários, e falhamos as coisas simples e óbvias. Por vezes penso que gostava de ser normal, de ter uma vida normal, de não ter altos nem baixos... mas também concordo que sabe muito bem sentirmo-nos especiais...

Anónimo disse...

Sim, tens razão...mas olha que os baixos são importantes para, no mínimo, nos ensinarem a dar valor aos altos...e dão sabedoria (dão?) =/

VV disse...

Num quarto de século, não me sinto especialmente sapiente por isso...

Anónimo disse...

LOL abre a pestana then =)

VV disse...

Bem tento, mas não à meio de conseguir absorver tudo o que me rodeia...

Apenas consigo recordar-me disso passado 2 anos e ficar a pensar nas coisas...

É tramado.